Portugal pode ficar à beira da falência

Ao longo dos últimos 2 anos tenho colocado posts de entrevistas e reportagens, de alguns dos mais prestígiados economistas do país. Nesses posts todos podemos comprovar que as consequências, de levar para a frente projectos como o TGV e o novo aeroporto, seriam catastróficas para o país. Será que é necessário pagar a consultoras de topo para analisar que gastar vários mil milhões de euros para construir uma linha que apenas diminuiria o tempo de viagem em 20minutos (caso do trajecto Porto - Lisboa) é desnecessário?! Até porque, a linha existente já sofreu investimentos avultados recentes para melhorar as suas condições (que, apesar dos milhões gastos melhorou o tempo do trajecto em apenas 5minutos). Apesar de não ser um expert no sector dos transportes, creio que seria melhor também a alternativa de fazer obras de melhoria no aeroporto de Lisboa para melhorar as suas condições, aproveitando assim a sua localização excepcional. E obras de reconversão, de uma das bases áreas nos arredores de Lisboa, para melhoria e assim permitir uma maior competitividade e atractividade deste destino para as companhias aereas low-cost.
Na minha opinião, acho que os investimentos deveriam reflectir as reais necessidades do país. Deveriam ter uma abordagem multi-geográfica e multi-sectorial e, mais imporante ainda: deveria ser verificada uma descentralização do investimento. Acho que o focus deveria estar em sectores-chave da economia portuguesa e, que presentemente são os culpados de fracos níveis de competitividade: Educação, Justiça e Administração Pública.

Com projectos como o TGV e novo aeroporto, corremos o risco de deixar as contas públicas numa situação irreversível e de prejudicar ainda mais o rendimento disponível das familias (devido ao mais do que previsto, aumento dos impostos).
O focus da classe política deveria estar também na correcção da despesa pública, pelo que, são diversas as notícias que a má gestão de negócios públicos por parte dos responsáveis governativos. Estes, têm sido, os principais responsáveis pela actual situação de calamidade da despesa pública. Tem prejudicado sempre o herário público.
Creio, que já é altura de os gestores e responsáveis desses negócios serem responsabilizados.

Deixo aqui então mais um artigo:

"O antigo presidente da Autoridade da Concorrência, Abel Mateus, adverte que Portugal pode ficar à beira da falência, num prazo de dez anos, como aconteceu o ano passado na Islândia.
Abel Mateus, em entrevista ao Jornal de Negócios, considera que não há folga para os grandes investimentos públicos em Portugal.
Para o professor universitário estas obras não são rentáveis, não vão gerar exportações e não aumentam a capacidade produtiva da economia portuguesa, tal como as empresas e os bens transacionáveis.
Abel Mateus justifica, assim, porque não há folga orçamental para grandes projectos de investimento nos próximos 10 anos, a juntar à dinâmica económica externa que não permite aventuras.
Portugal pode ter um endividamento externo na ordem dos 240 por cento do PIB em 2020 se avançar com TGV, Novo Aeroporto ou auto-estradas, arriscando entrar na bancarrota na próxima década, tal como aconteceu na Islândia no último Outono.
Mas a curto prazo, Abel Mateus diz mesmo que só se o país não tiver juízo.
Já sobre a ligação de Alta Velocidade a Madrid, o professor considera que é uma obra que não vai gerar rendimento suficiente para pagar o custo, porque vai cobrir no máximo 10 a 20 por cento do investimento.
Abel Mateus admite mesmo que pode ser um projecto ruínoso para o país, por não aumentar o crescimento potencial, não criar valor acrescentado positivo.
Quanto às novas vias rodoviárias, o antigo presidente da Autoridade da Concorrência diz com base nos dados pedidos há três anos à Estradas de Portugal que se todos os carros, que passam pelas SCUTS, pagassem a portagem média do país esse valor seria de 20 a 30 por cento apenas do investimento realizado e dá exemplo a falta de tráfego na nova Ligação Vila Real/Chaves.
Abel Mateus defende também que a opção é melhorar a manutenção dos pavimentos em vez de construir estradas paralelas e considera que o futuro passa por sectores de actividade mais dinâmicos como o Turismo, estabelece mesmo uma comparação com aquilo que chama de receita de Barack Obama nos EUA: a aposta na descentralização do investimento.
O antigo presidente da Autoridade da Concorrência afirma que o próximo Governo vai herdar uma situação económica sem paralelo na história portuguesa e bastante séria, de acordo com os cálculos da Comissão Europeia.
Mesmo assim, o professor também antigo conselheiro do Banco de Portugal, não defende uma subida de impostos, alegando que o aumento da carga fiscal ou dilatava a recessão ou matava a recuperação, mas defende a manutenção do controlo da despesa do Estado e a continuação de reformas estruturais em sectores como a justiça."

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